O que o COMPORTAMENTO tem a ver com as FINANÇAS?

O que o comportamento tem a ver com as finanças? Tudo! Lidar com dinheiro tem muito mais a ver com comportamento do que com números, ao contrário do que muitas pessoas pensam. Se você já tentou colocar em prática a educação financeira e não conseguiu pode ser que não tenha sido pela forma que tentou fazer, mas pela parte comportamental. Vamos entender.

Eu já escutei várias vezes e vejo acontecer muito, “Kelly eu sei o que eu tenho que fazer, como fazer, o passo a passo, o método, mas eu não consigo fazer, não consigo colocar em prática”. Bom, quando a gente fala de finanças estamos falando de 2 vieses. Um é toda a metodologia, essa parte pratica mesmo, ter um controle financeiro, construir uma reserva financeira, fazer planejamento para alcançar seus objetivos e potencializar seu dinheiro através dos investimentos. E nós temos um outro viés que é a parte comportamental, o nosso cérebro e a nossa mente.

E essa parte comportamental por incrível que pareça, talvez seja a mais importante, ela vai ser a base para que você consiga colocar a educação financeira em prática. Na verdade, eu acredito que a parte comportamental é a mais importante em todas as áreas da nossa vida. Um exemplo, você pode ser o melhor profissional técnico na sua área, mas se não souber lidar em grupo, trabalhar em grupo, com certeza isso vai te prejudicar na sua carreira.

Então quando se tratar de aprender a lidar com dinheiro nós vamos ter esses 2 vieses, o metodológico que você aprende como fazer, só que nem sempre você vai conseguir exatamente porque tem esse outro viés que é o comportamental. Vamos entender essa parte comportamental para enfim conseguir colocar em prática a educação financeira.

É da natureza do ser humano, isso não acontece só comigo, só com você, é com todo mundo, a gente tende a preferir os prazeres imediatos. Isso vem lá dos nossos ancestrais, dos nossos primórdios, da época das cavernas e ficou gravado em uma parte do nosso cérebro, mais precisamente na amígdala, não é a amidala da garganta, essa é no cérebro rsrs. Essa amígdala é considerada o nosso cérebro emocional. Ela é como se fosse um alarme pra gente, diante de uma situação, ela rapidamente nos manda a mensagem para agirmos. E por que isso? Porque na época dos nossos primórdios eles viviam muito em perigo, animais selvagens o tempo inteiro, eles precisavam agir rápido diante das situações.

Tem sim o lado bom de termos herdado a amídala, tem situações que precisamos agir rápido. Quer ver um exemplo, vamos supor que está dirigindo numa estrada e vem um caminhão na sua direção, você não tem tempo de pensar “Ah se eu jogar para a direita, se eu jogar para esquerda, se eu parar”, você precisa agir rápido.

Só que tem o lado negativo da amídala, como ela tem isso de agir rápido, se tratando das finanças ela sempre vai preferir o prazer imediato. E da mesma forma quando você está diante de uma decisão de compra, uma decisão financeira, ela na hora te manda os estímulos e você tem aqueles pensamentos “Vai ser feliz, aproveita o hoje”.

Se não soubermos lidar com esse instinto a gente vai acabar só preferindo o prazer imediato. É por isso que a gente sempre orienta, calma, respira, se faça algumas perguntas como “Eu preciso realmente disso, estou comprando por necessidade ou por vontade”, espera uns dias. Para dar tempo de a informação sair da amígdala e ir para o lobo frontal, que a nossa parte racional do cérebro, é lá que a gente pondera, analisa, será que é a melhor decisão que eu devo tomar.

E o fato também dela ser primitiva, ou seja, na época dos nossos ancestrais, não existia isso de pensar no futuro, se preparar para o futuro, “Qual é a próxima caverna que vamos morar…” Eles estavam pensando no agora, em ter o que comer, em não ser devorados, em ter onde dormir. Por isso que nós temos tanta dificuldade em nos preparar para o futuro, de fazer o planejamento com antecedência dos nossos objetivos, em poupar e investir para eles, porque nosso foco é o prazer imediato.

Quer ver um outro exemplo na prática, você decide poupar para no final no ano fazer uma viagem bacana. Só de falar você não vai fazer, por que? Porque a viagem é só no final do ano, esse prazer não é imediato, você vai preferir gastar com roupa, sapato para usar na tal festa que é no final de semana, logo ali.

Então primeiro ponto tem que virar objetivo, meta, que é parte metodológica, a gente precisa fazer um planejamento pra fazer essa viagem. E outro ponto é exatamente esse comportamental, entender que é normal ter esses sentimentos, esses pensamentos. Respeitar que não vai ser fácil, nesse meio do caminho o meu “Eu ancestral vai querer me sabotar”. Mas agora eu tenho o meu outro “Eu organizado, planejado”, para confrontar, ou seja, se eu quiser algo eu vou planejar, poupar e vou comprar. E esse processo é pro resto da vida, você vai se vê nessas discussões. Só que com o tempo isso passa a ser natural. Mas no início, nesse processo é preciso entender que vai existir essa dificuldade porque se não vai pensar “Ah não consigo, não dá certo para mim”, você desiste no meio do caminho.

Se tiver um controle financeiro não vai precisar escolher um ou outro, deixar de ter o seu prazer imediato. Você consegue cuidar dos dois, você vai ter o seu prazer imediato, mas ao mesmo tempo estará se preparando para os seus objetivos de médio e longo prazo.

Conseguiu entender como o comportamento tem tudo a ver com os seus resultados nas finanças?

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