TIVE UMA DÍVIDA

Eu já tive uma DÍVIDA

Eu já tive uma DÍVIDA

Eu já tive uma dívida, eu não sou alecrim dourado e eu vou te contar essa minha história porque provavelmente você vai se identificar e com certeza vai te ajudar se hoje está com uma dívida e ela está pesando para você.

Quando eu estava no último ano do ensino médio em 2009 eu já estava fazendo curso de aprendizagem no Senai. Eu estudava de manhã, acabava 11:30, levava marmita almoçava na escola, já ia de botina porque se não tinha que levar muita coisa, ia a pé pro centro pegar a van pro Senai que era numa outra cidade próxima da minha. Na volta eu descia no centro também e ia pro curso de inglês a noite. Pra eu chegar nesse curso tinha um morro muito íngreme e eu ainda tinha que subir rápido por causa do horário da aula pra não chegar atrasada, era muito a conta.

Em 2010 eu passei numa prova e comecei a fazer um curso técnico, essa escola na época era muito concorrida, muito renomada na cidade, tinha que fazer prova pra fazer o curso. E devido a isso também eu participei de um processo de estágio pra uma empresa. Passei, comecei nesse estágio, inclusive foi essa umas das primeiras decisões mais difíceis que eu tive que tomar. Eu tinha que decidir, interromper o Senai, não tirar o diploma, mas aproveitar a oportunidade de fazer o estágio ou deixar a oportunidade do estágio passar e concluir o Senai.

Esse estágio era de dia, dava umas meia hora caminhando só que na época eu tinha que passar numa estrada de terra que ficava uma parte deserta, então o corre continuava. E a noite eu ia pro técnico, e por ser a noite e longe também de onde eu morava eu ia de van. Não tinha ônibus que fazia essa linha direta do meu bairro para os bairros tanto do estágio quanto do técnico. Só que aí eles começaram a aumentar o preço da van, eu lembro que começou 90,00 aí depois foi pra 110,00 tudo muito rápido em menos de 1 ano. Aquilo me incomodou e fora que assim, já teve vezes da aula acabar mais cedo, professor não ir, e tinha que ficar esperando até 22:00 pra ir embora na van.

Meu pai que é cegonheiro, viaja muito pro Nordeste, na época ele trouxe um uno de lá, mais antigo, se eu não me engano foi 5 mil e me deu pra eu ir pro técnico, pra não precisar ir mais de van. Pronto já tinha resolvido essa questão, pensa ganhar um presente desse, foi ótimo. Só que o carro começou a dar vários problemas, era um carro de litoral do nordeste, muita maresia, ela começou a me deixar na mão várias vezes.

Eu lembro que eu tinha que ficar esquentando-o uns 5 minutos antes de sair, e teve um dia que marcou muito, que ele não queria pegar de jeito nenhum, estava um dia muito frio, a aula já tinha acabado, a noite, lá nessa escola o bairro é muito deserto, todo mundo indo embora, as luzes da escola apagando, e eu lá ficando sozinha e o carro não pegava, nesse dia eu passei muito aperto. Aí eu pensei “Eu preciso comprar um outro carro, porque já é questão de segurança”.

E aí é que eu chego na minha primeira e única dívida, eu já tinha um dinheiro guardado, eu sempre guardei uma parte do que eu ganhava, mas ainda não tinha o suficiente para comprar um carro à vista, minha mãe chegou pra mim e falou “Kelly a única forma de conseguir as coisas é financiando”. Quando ela me disse aquilo, eu pensei “a única forma… não é possível, deve ter outras formas”, mas eu já estava no corre, naqueles BO todos com o uninho, aí eu pensei “é então vai ter que ser”.

O financiamento era naquele talão, financiamento de 5 anos, eu olhava para aquele talão e me incomodava demais, “é muita coisa, vai demorar demais”. Minha mãe vendo virou e falou pra mim, “Kelly você já viu que as últimas parcelas são menores, vai pagando elas pra você acabar antes desses 5 anos”. “Pronto, é isso, vou fazer isso”, eu já tinha fichado na empresa então todos os meses eu ia pagando uma parcela a mais e todo dinheiro que vinha a mais, algum bônus, eu ia fazendo isso, em 2 anos eu terminei o financiamento.

O que eu quero te mostrar com essa minha história, a primeira coisa é que uma decisão não é tomada do dia pra noite, não é do nada que você escolhe se endividar. Por isso eu quis te contar tudo isso pra ver, são várias coisas que vão acontecendo, e aí aparece uma solução que acha que é a melhor no momento com o conhecimento que tem. Não vai adiantar nada você ficar se culpando, se martirizando, a dívida já foi feita, a decisão já foi tomada e agora “o que eu posso fazer diante disso, o que eu posso fazer para diminuir o fardo”.

E o outro ponto que eu quero te mostrar é o seguinte, naquela época a única solução para o problema era esse que me foi apresentado. Hoje não, hoje você já tem acesso à educação financeira, você aprende facilmente e gratuito. É esse despertar que eu quero te mostrar, não existe só uma solução para um problema, tem outras soluções, tem outras formas de fazer.

Ah e detalhe, essa solução de ir quitando as parcelas de trás pra frente não é assim a ferro e fogo, tem estratégia para fazer isso. Hoje eu faria dessa forma, mas com estratégia, eu já ensinei aqui.

Então cuidado com as crenças que você tem na sua cabeça, que ouviu desde criança e ainda houve da maioria das pessoas, “Se não for financiado não tem como comprar, você só consegue as coisas se for através de dívidas, quem não faz dívida não consegue as coisas….”. Questione mais, se pergunte, estuda, busque o aprendizado da educação financeira para não precisar se endividar sempre para conseguir algo e se você se endividou como sair dessa situação.

Eu espero muito que essa minha história te ajude, a gente costuma achar que essas coisas só acontecem com a gente, eu que sou o problema, eu que faço tudo errado, e não a gente faz parte de uma comunidade, essas situações acontecem com a maioria das pessoas, o bom que hoje a gente tem a educação financeira para nos ajudar.

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