ENSINAR A GASTAR

Pessoas que preciso ENSINAR a GASTAR

Pessoas que preciso ENSINAR a GASTAR

É difícil, mas existem aquelas pessoas que preciso ensinar a gastar, trabalhar o hábito de gastar dinheiro. Sim, você ouviu certo, eu preciso ajudar essas pessoas a gastarem. São pessoas que só pensam em poupar, em guardar dinheiro (“para dias difíceis”) e com isso acabam sendo mesquinhas, avarentas, são os famosos “mão de vaca, pão duro, tio patinhas”. São pessoas que tem muitos bloqueios, medos, crenças que as impedem de viver o momento, aproveitar o hoje. Muitas são infelizes, inseguras, sempre acham que vai acontecer uma emergência “daquelas”, que o dinheiro vai faltar e elas acabam deixando de viver o presente, que é a nossa maior dádiva, por isso chama “presente”.

A primeira questão e talvez a mais importante é que essas pessoas tem tanto medo de amanhã acontecer algo tão horrível, uma emergência, uma catástrofe, de perder o que tem que elas acabam modelando essas situações em sua vida. Tudo aquilo que eu foco expande, você já deve ter percebido isso na sua vida. Quando a pessoa só tem esses pensamentos “eu preciso guardar dinheiro, eu preciso guardar dinheiro, vai que amanhã eu tenho uma doença, alguém da minha família, ou vai que acontece outra coisa”. E muitas das vezes elas nem tem esses pensamentos consciente, acontece que isso já está enraizado, no subconsciente já tem essa crença instalada. Além dela modelar essas situações na sua vida de tanto que teme, ela provavelmente vai viver em escassez. Ela pode até ter um bom dinheiro guardado, mas o sentimento dela sempre vai ser de escassez.

Vou dar um exemplo fora da área das finanças para entender, você deve conhecer uma pessoa que seja muito negativa, que sempre olha o lado ruim das pessoas, sempre está reclamando, para baixo, essa pessoa acaba adoecendo mais, ou até mesmo essas pessoas que tem muito medo de doenças, que sempre estão com dores, e como elas procuram sempre acabam achando uma doença.

É por isso que eu uso o termo Reserva financeira e não reserva de emergência, olha só fala junto comigo “reserva financeira”, qual sensação que te traz? De tranquilidade, de paz, “poxa eu tenho uma reserva financeira, me sinto mais segura”. Por mais que essa reserva financeira seja também para emergência, fica intrínseca a mensagem. Agora se eu falo “reserva de emergência”, qual a sensação você tem? De algo ruim, meu cérebro entende nitidamente que estou juntando dinheiro para emergências, então eu acabo modelando emergências na minha vida, elas vão acontecer.

Quando a pessoa só pensa em guardar em dinheiro para o amanhã, para dias difíceis, acaba modelando dias difíceis e não vive o hoje. Ela não consegue ser feliz hoje, aproveitar o presente. É o que eu sempre falo, não é 100% hoje e 0% amanhã, mas também não é 100% amanhã e 0% hoje. Tem que ter o equilíbrio, precisa ser 50% hoje e 50% amanhã, você precisa se preparar para o amanhã, poupar e investir dinheiro para os seus objetivos e precisa também viver o hoje, se divertir sim, é por isso que tem o “se pagar”, ter aquele dinheiro para fazer o quiser, para o seu lazer.

Outro dia estava atendendo uma cliente, que tem esse viés de ser mais poupadora e ela disse que tem o costume por exemplo, de ir num restaurante, mas se achar que a refeição ficou muito cara ela não compra uma bebida para acompanhar. Olha só a mensagem que está mandando para o cérebro, você vai no restaurante para se divertir, faz uma refeição legal e não pode comprar um suco, ou seja, uma mensagem totalmente de escassez. E a educação financeira ajuda nisso, eu entro aqui ensinando que com planejamento e controle pode e deve ir sim num restaurante sem peso na consciência. Ela sabe o quanto pode gastar considerando uma média de tudo com a refeição, bebida, sobremesa, tudo dentro de um limite e sair desse achismo “ai estou gastando muito, ai eu não sei se posso comprar esse refrigerante”.

Algo que acontece muito com essas pessoas poupadoras ao extremo é que elas costumam achar que estão acertando, fazendo baitas economias, mas que na verdade são falsas economias. É normalmente aquela pessoa que compra o mais barato, sem avaliar qualidade, custo benefício, logo vai ter que gastar com aquilo de novo. Essa pessoa pode ter um conformismo com um padrão de vida mais simples, por ter esse medo de perder tudo. É aquela pessoa que você vai chamar para fazer um passeio diferente e ela não vai aceitar porque tem que guardar dinheiro. Essas pessoas tem muito medo de investir melhor o seu dinheiro, então se contentam com a poupança e por mais que esteja vendo dinheiro render lá na conta, na verdade esse dinheiro está diminuindo de tamanho porque a inflação está corroendo-o.

Outra coisa, essas pessoas que vivem só para guardar dinheiro, não saem para um restaurante de vez em quando, não fazem uma viagem, não compram uma roupa nova, essas pessoas que são mesquinhas, avarentas geralmente são pessoas infelizes, você deve conhecer alguém assim. Elas acabam não tendo aquele prazer imediato que gera endorfina, dopamina que podem sim ser combustíveis para gente buscar mais, querer crescer, continuar em busca daqueles objetivos que são de longo prazo e que no momento não causa prazer nenhum.

A gente vê casos assim, de pessoas que passaram a vida toda guardando dinheiro, trabalhando igual um louco e de repente a vida leva essa pessoa por alguma situação, e aí será que ela aproveitou a vida, será que foi feliz.

Muitas pessoas acabam confundindo, tendo a crença de que ser organizado financeiramente é isso, só guardar dinheiro, são coisas totalmente diferentes. A pessoa mesquinha, avarenta é aquela que não vive o presente, vive de forma escassa, de forma limitada, guardando tudo para o futuro. Agora, a pessoa financeiramente organizada vive o presente, porque nós seres humanos precisamos desse prazer imediato, isso vem lá dos nossos primórdios. Ir totalmente contra a nossa natureza, contra nossos instintos vai causar frustração, tristeza. A gente precisa disso, só que a gente também pensa no futuro, então é um equilíbrio sempre dos dois.

Sempre será o equilíbrio. Como sempre reforcei aqui, não é viver como se não houvesse o amanhã, mas também não é deixar de viver o hoje pensando só no amanhã.

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